segunda-feira

Pele seca

O aniversário passa e eu não sei mais o que fazer comigo.

Assim como as coisas que invitavelmente só tem um destino, talvez seja minha sina perder a voz (ou os dedos) quando as idéias sumirem. Raspar a cabeça, deixar a barba crescer, dormir mais, comer menos, caminhar até o trabalho....Coisas pequeninas que alimentam idéias, não significam muita coisa pra mim.
A idéia não brota da coisa. A idéia brota da cabeça. As coisas pequeninas nunca foram nada, pois elas já estão por ai em qualquer lugar que se olhe. Combustível para a mente nasce da mente. No máximo saem dos nutrientes daquele almoço que repõe as energias e mantém o cérebro funcionando. E só. Essa é a função dos nutrientes, manter vivo nem que o gosto se dilua. As coisas perdem um pouco do gosto porque o cérebro já se acostumou à cor da parede, ao cheiro dos cachorros e aos rostos dos vizinhos. Enxergar uma nova cor nas faces dos velhos conhecidos é tarefa árdua depois de alguns anos na rotina.

Pouca expectativa, pouca decepção.

Rapaz, eu pareço um velho babaca. Talvez eu até seja um idiota pessimista que vê, sabe que vê e mesmo assim prefere só ver do que alcançar o que se quer. Eu me reviso todo o ano pra ser um pouco menos chato que no ano anterior. Nem sempre dá certo, mas algumas coisinhas novas sempre aparecem pra colorir o que passou em branco no ano passado.

O que nem sempre significa que sejam coisas boas, mas pra mim ser colorido já é alguma coisa.